quarta-feira, 11 de julho de 2007

Podridão e loucura


Ainda não sei bem ao certo em que circunstâncias exatas se deu a "queda".
Até porque só restaram imagens.
Imagens que gritam em vão.
Nas profundezas do nosso ser o mundo mágico, exilado, rói a raiz da modernidade. Quando ela se partir começará aquilo que todos homens despertos, através das eras já vêem avisando, seja pela ira, amor ou indiferença: esse mundo começou com uma calamidade e com uma calamidade terminará.
Não precisava ser assim. O entendimento da totalidade transcendental observa que o sonho harmonioso da criação, a origem, não continha em si os germes do pesadelo monumental que hoje nos tritura, como defende o pensamento da crítica radical. Também diverge da antropologia agostiniana que vê o homem girando sem direção em torno de uma natureza corrompida pelo pecado, embora concorde com o cerne: a separação cegou, ensurdeceu e aleijou o homem. A separação do sentido original e a busca mau-sucedida por um sentido próprio fez do homem essa vergonha cósmica que vemos aí. Escarrado, defecado e podre o homem moderno se arrasta sobre o vômito da razão e pede mais drogas aos deuses do consumo.


O homem fez a experiência de sua pseudo-demiurgia e esta se revelou como voltada para o vazio e a morte.
E o clamor da angústia sufocada pelo barulho enlouquecido do nosso cotidiano de lama tecnológica, tende a subir cada vez mais e romper "os céus".

Quem escapa da lavagem cerebral coletiva começa a ser confundido com os loucos.


E os loucos quem são?
Justamente: os que dizem que o fim está próximo.

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